Primeiro livro do autor, foi publicado em 1987
Aos 25 anos, Mario Vicente fez sua primeira incursão no mundo literário ao publicar por conta e risco em 1987, o livro de poesias e crônicas, Natureza Clandestina com prefácio do escritor Ignácio de Loyola Brandão. O livro teve edição limitada no oeste do Paraná, mais precisamente na sua terra Natal, Cascavel, onde também ajudou a criar junto com outros literatas o Movimento Literário Cascavelense – MOLICA.
NATUREZA CLANDESTINA
A natureza não é só a terra, a água, o sol, a lua, o céu, a mata, o inverno, o verão, a chuva...
Mas o ser humano é uma natureza divina, Uma pureza de essência, oriunda de sua existência
que cristaliza este universo. O homem é a fatia maior de paraíso oculto
e ele mesmo se abandona e se perde com suas próprias armadilhas,
sem buscar a razão de sua presença neste minúsculo ponto em que reside.
Este espaço, que o homem conquista, não é tão infinito quanto ao seu tamanho interior,
é medido pelo caráter acumulado, num convívio entre o homem e si próprio.
Talvez, se as pessoas mostrassem seus sonhos e não suas ambições materiais, e
se explorassem seus sentimentos omitidos e aniquilados nos corredores do progresso,
se a união entre todos os povos fosse apenas pelo amor de serem irmãos
e não por interesses incomuns, de uns subirem o mais alto que seus objetivos,
enquanto muitos nem sequer conseguem arrastar-se em seus próprios chãos.
Muito do mundo poderia ter outro sentido se nós vivêssemos aquilo que nasce dentro de nós.
UM DIA O AMOR
Um dia o amor
há de chegar
e estilhaçar de vez
uma ânsia incontida
explodindo em eterna paixão
essa emoção infinda
que por você espera.
Um dia deve acontecer
depois de um engano
outro desejo se faz crescer
que no meio de um beijo
e de um sentimento cigano
o próprio momento vai mostrar
o colorido abraço que nascer.
Um dia, quando então
o amor alcançar
cantarei! O correto verso do amor...
Depois do primeiro olhar
tudo se torna um mar
de sentimentos tão profundos
que lá no fundo
ninguém vai se afogar.
Depois do primeiro beijo
tudo é só desejo
que ninguém deve conter
todos os lábios se consomem
feito combustível para sobreviver.
Depois do primeiro abraço
não há mais cansaço
toda ternura no mesmo traço
na mesma linha que caminha
a despontar no horizonte.
Depois vem o fogo da paixão
num segmento de emoção
que atravessando o peito
rasga no coração
o que havia de sofrimento
e se vai com a explosão.
Depois tudo é poesia
que num só dia
tanta vida já se fez.